quarta-feira, março 14, 2007

El Embrujo de Shangai: o feitiço do cinema


Eu já tinha lido o belíssimo livro de Juan Marsé, de quem recordo também Ultimas tardes com Teresa e Si te dicen que caí (Canções de Amor em Lolita’s Club está por pouco), e quando encontrei o filme de Fernando Trueba num videoclube corri para casa a vê-lo.
Fernando Fernán Gomez, que já conhecia de outros filmes, encarna o Capitão Blay até à medula. O velho anarquista que sai do esconderijo pela porta do armário, vai para a rua de roupão e cabeça enfaixada, mija às claras e sem pressa na rua e compra o jornal franquista só pelo prazer de queimá-lo, terá doravante para mim, sempre o nome de Fernando Fernán Gomez. E um filme onde a realidade e o sonho/desejo se canibalizam sem se destruírem pois só assim sobrevivem, é um filme sobre crescimento, morte, persistência e ausência, chegadas e partidas de um lugar real para lugares míticos. E um filme que nos remexe por dentro como se remexe a massa do pão na maceira. E inesquecível.
Nesta entrevista com Fernando Fernán Gomez, que poderão ler no site aqui vos deixo, pode perceber-se como o actor conseguiu o milagre da cozedura preparada por Fernando Trueba.