quarta-feira, março 29, 2006

Americanos e remakes: Cat People



Os americanusas nunca se deram bem com remakes. E têm feito imensas (de: Boudu sauvée des eaux, À bout de soufle, Ossessione, Nosferatu, A guerra dos mundos, o prório Cat People que tem outra versão, de Robert Wise, e a última de que neste momento me lembro, King-Kong) sem que isso acrescentasse algo aos anteriores; antes pelo contrário. Não falo de cor ou efeitos especiais, já que isso não passa, na maioria das vezes, de pura pirotecnia.

É o caso do filme de Paul Scharader (argumentista de créditos firmados -Raging Bull e Taxi Driver p. ex. - e que fez um excelente Mixima), centrado nos aspectos mórbidos e eróticos, acentuados por uma cor sanguinolenta, já para não falar de Natasha Kinsky. Por sua vez, Jacques Tourneur realça o elo entre a predação animal e o instinto instinto de conservação face à predação humana, aliada esta à pura maldade ou à simples arrogância da nossa espécie face ao restante reino animal, a que também pertence. A este nível, um filme infelizmente profético. E estava-se em 1942!

O preto e branco, a roçar o expressionismo alemão, é inesquecível, sobretudo na cena da piscina. Quem se lembra dessa cena no filme de Schrader? O erotismo também está lá, mas contido e na justa medida em que não subverte a ideia-força. Em vez da morbidez está lá a sordidez humana. Mas também está o amor e a amizade entre seres diferentes.

Por alguma razão, Cat People, de 1982, é até agora o seu último filme.

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