domingo, março 12, 2006

A CORDA: les mots et les choses


Um explêndido Hitchcock, todo filmado em huit-clos. A ver e a rever, não só pelas interpretações, incluindo a de James Stewart, como pelo tratamento da luz e da côr, pelo que diz e pelo que significa. A acção decorre ao longo de um único dia. Do paralelo entre o crescendo do suspense e o aproximar da noite resulta uma fusão orgânica total onde tudo se amalgama. Bem se sabe como Hitch considerava, talvez na senda do experimentalismo de Kulechov, os actores como adereços, mas a verdade é que com ele não há más interpretações: nem under nem overacting.
É também, além de um policial cínico e impiedoso, uma parábola assustadora sobre o poder da palavra. O filme é de 1948, e os clarins do macartismo, que iriam soar apartir de 1950, já estavam a ser preparados e oleados.

Aqui fica, para todos os mexem descuidadamente com as palavras, e também para todos os que amam o cinema e cuidam das palavras.

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