quinta-feira, março 02, 2006

COISA RUIM ou má?


Por devoção e obrigação, lá fui ver mais um filme português, bem estrelado, como manda a patrioteira crítica. Para ajudar o cinema português, pois claro, Paulo Branco apostou no terror rural, como chave para o sucesso. Se a intenção é angariar carcanhol para produzir filmes de qualidade, tudo bem. John Huston , Orson Wells e outros com mais pergaminhos também fizeram fretes para poderem continuar a fazer o seu cinema.

Vão ver, se querem emoções arrepiantes. Estão lá os ingredientes todos: ambiente soturno, rural, pedregoso e alcantilado. Um casarão de meter medo, um padre modernaço e outro velhote e exorcista. Há barulhos inexplicáveis, caras a espreitarem às janelas, cortejos fúnebres a passar pelo cruzamento dos enforcados, olhares desconfiados dos aldeões, citadinos cépticos e arrogantes a abater, exorcismos, sessões espíritas, aparições de injustiçados, ódios ancestrais, incarnações, morte, licantropia, ufa! Nem o Kubrick conseguiu meter tanta coisa no Shinning. Muito menos o Corman. Para meter tudo, teve de fazer imensos filmes.

Portanto, tragam-nos o Roger Corman de volta: O fosso e o pêndulo, Berenice, O Terror, O Corvo, A lojinha dos horrores, A máscara da morte vermelha, a grande maioria deles com o inesquecível Vincent Price.

Os actores fazem o que podem e o realizador também. A encomenda era aquela, e tá no ir, que há que pagar ao padeiro. E pensar eu que "A Costa dos Múrmúrios", depois de uma estreia em cheio, foi ignorado pelo grande público.

Tragam-me a Margarida Cardoso de volta, já!

Hoje não há estrelas. As núvens esconderam-nas.

http://www.coisaruim.com/

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