quinta-feira, março 30, 2006

Spartucus vs Lolita


Stanley Kubrick realizou filmes sobre temas muito diferentes e em todos foi mestre, mesmo em Spartacus, passem as limitações que abaixo se referem. Além de grande fotógrafo, a sua primeira actividade profissional na Look, era um realizador com conhecimento profundo de todos os aspectos de cinema: produção, cinema, encenação, montagem, fotografia, direcção de actores, argumento, etc. Sempre fez os filmes que quis e como quis mesmo tendo de sair dos USA após a realização de Lolita em 1962, país onde nunca mais regressou. Curiosamente, Spartacus foi o filme anterior a este (1960) e o único filme encomendado, pois resultou da substituição de Anthony Mann, realizador de alguns blockbusters muito badalados: Cid, Os heróis de Telemark, A queda do Império Romano e Cimarron. Por isso Kubrick não gostava muito de ter o seu nome atrelado a este comboio onde entrou já em andamento. E tinha razão. Visto a estes anos de distância, para mim, que tanto gostei dele na altura, confesso, é um pesadelo se bem que menor dos que os de Anthony Mann. A monumentalidade e o empastelamento, característicos dos blockbusters da época, não faz faz parte de nenhum dos outros filmes dele. E neste há cenas penosas sobre as quais Kubrick saltaria agilmente, pois era um director que dominava o processo narrativa como poucos.

Lolita é um filme com excelentes actores, tirado de um livro em que o narrador se desfibra física e emocionalmente até à própria perdição e dos que caem na sua órbita. Um livro de Vladimir Nabokov de que Kubrick captou a alma profunda e para o qual escolheu os actotres com uma precisão mimética. Fabulosos James Mason, Shelley Winters, Sue Lion Peter Sellers. Aliás, à excepçõa de Tom Cruise de quem ele nada conseguiu, com Kubrick não havia maus actores.