segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Match Point : Allen em todo o seu esplendor




http://www.oscar.com/video/index.html?channel=NominatedFilms&clip=2547
A crítica já tinha liquidado Woody Allen, e ei-lo de regresso com um filme tão imprevisto que os deixou a todos de cara à banda. Não é o Woody neurasténico e obcecado sexual que eu nunca reneguei e de quem sempre fui incondicional. Para mim não há filmes maus de Woody; há filmes de que gosto menos. Allen criou a personagem de si, tal como Chaplin criou criou a dele. Com ela fez dezenas de curtas médias e longas metragens, sem nunca ninguém lhe ir mão. Só foram, quando abandonou Charlot. Mas não tiveram coragem para ir, quando fez o derradeiro filme, o penoso Condessa de Hong-Kong.
Allen é um mestre da narrativa, da sequência e da direcção de actores (sabe dirigir os seus, os de estimação, e os outros, como neste volta a comprovar). Mas o homem Woody, atenção, está também - e muito - em Match Point: o argumento é dele. Está na obcessão amorosa de Chris Wilton (Jonathan Rhys Meyers). Filmado em Londres (sem fog nem "céu plúmbeo"), com actores ingleses, à excepção de Scarlett Johanssen (Nola Rice no filme), portanto sem Woody, é a prova provada, se alguém a necessitasse, de que Interiors não foi obra de acaso, nem Woody Allen está esquecido.
A trama policial acompanha o ritmo dos sentimentos sem acelerações, travagens bruscas ou as manobras perigosas em que esbarram com frequência tantos e tantos realizadores. Interiors, disse a crítica da altura, era bergmaniano. Match Point será o quê? Para mim, é Woody Allen. Estrelas? Todas:
*****

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